São pelo menos 11 anos para se formar um especialista capacitado a fazer diagnóstico, estadiar e tratar cirurgicamente o paciente com câncer de cabeça e pescoço
Dando continuidade à conscientização do câncer de cabeça e pescoço, trago mais uma vez à nossa coluna o doutor Gustavo Meyer, cirurgião e professor
1 - Gustavo, como ocorre a formação de uma cirurgião de cabeça e pescoço e quais os principais desafios acadêmicos?
A cirurgia de cabeça e pescoço é uma especialidade médica. Para se tornar especialista, o médico graduado deve cursar inicialmente uma residência como pré-requisito, que pode ser no programa de cirurgia geral ou de otorrinolaringologia. Uma vez concluído esse passo, o médico pode se candidatar à residência de cirurgia de cabeça e pescoço, que dura no mínimo mais dois anos. Incluindo a graduação, são pelo menos 11 anos para se formar um especialista capacitado a fazer diagnóstico, estadiar e tratar cirurgicamente o paciente com câncer de cabeça e pescoço.
2 - Tem ocorrido nos últimos anos uma mudança nas características dos pacientes acometidos pelo câncer de cabeça e pescoço, atingindo pessoas mais jovens e que nunca fumaram. Você poderia explicar o motivo desta mudança?
Essa mudança se deve ao aparecimento crescente do câncer de orofaringe (garganta), sobretudo nas amígdalas, relacionado ao vírus HPV (papilomavírus humano), o mesmo que também está relacionado ao câncer de colo de útero. Essa doença pode aparecer em pessoas jovens que nunca fumaram.
3 - Há fatores hereditários associados a esse tipo de câncer? Como podemos preveni-lo?
Não há fatores genéticos conhecidos que predispõem a esse tipo de câncer. A melhor forma de prevenir é vacinar todas as crianças em idade anterior ao início da vida sexualmente ativa. Além disso, é amplamente conhecido o fato de que quanto maior o número de parceiros sexuais ao longo da vida, sobretudo sem proteção, maior o risco de desenvolvimento desse tipo de câncer. Por isso, deve ser incentivada a prática do sexo seguro.
4 - Quais os sintomas iniciais deveriam motivar o paciente a procurar ajuda especializada?
São sintomas iniciais de câncer de cabeça e pescoço (nem sempre aparecem em conjunto):
- Câncer de pele na face ou couro cabeludo, câncer nos lábios: lesão pigmentada ou não, de aparecimento recente, com crescimento progressivo, que pode apresentar ulceração
- Câncer de boca: ferida na boca que se parece com afta, indolor nos primeiros meses, que não cicatriza.
- Câncer na garganta: Dor para deglutição, dor no ouvido, mau-hálito, rouquidão persistente, tosse com sangramento
Todo câncer de cabeça e pescoço pode apresentar também o sintoma de caroço no pescoço (linfadenomegalia cervical), o que pode se tratar de doença mais avançada, com metástase nos gânglios linfáticos do pescoço.
Na presença desses sintomas, é adequado buscar avaliação especializada. O diagnóstico incorreto ou o manejo inicial da doença feito de modo inadequado podem piorar muito as chances de cura desses tipos de câncer.
Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com
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