A radiação a que somos expostos diariamente e em alguns exames de imagem pode nos trazer prejuízos. Entenda como o protocolo ALARA reduz esse efeito
Sem que percebamos, estamos a todo momento sendo expostos à radiação ionizante, provinda dos raios solares ou da inalação de gás radônio, por exemplo. Além disso, alguns indivíduos são expostos continuamente ou intensamente à radiação devido ao trabalho ou a condições de saúde, como técnicos de radiologia e pacientes em radioterapia. Esse fato, acumulativo, pode trazer alterações a nível celular predispondo a doenças. Para esta coluna, Matheus Lavigne, estudante de medicina da UFMG, pesquisou a fundo o tema, resultando em informações importantes verificadas por Patrícia Martins, radiologista da Oncobio.
Frente a essa observação, somado ao fato de que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 19% dos cânceres, sobretudo melanoma, têm contribuição ambiental, foi criado, em 1977, no Reino Unido o protocolo "ALARA". ALARA, acrônimo para "as low as reasonably achievable", traduzido como "tão baixo quanto razoavelmente possível". Proposta com o objetivo de minimizar significativamente a exposição cumulativa e desnecessária à radiação ionizante através de exames de imagem e ferramentas terapêuticas, como radiografia, tomografia ou radioterapia.
O avançar da tecnologia médica permite rastrear, diagnosticar, estadiar e tratar diferentes condições de saúde, benignas ou malignas, de forma não invasiva, isto é, sem que o paciente tenha que ser submetido a cirurgia laparoscópica ou tratamento farmacológico "às cegas". Dentre esse acervo tecnológico, podemos classificar em ionizante (radiografia, tomografia e cintilografia) e não ionizante (ultrassom e ressonância magnética).
Assim, o protocolo ALARA visa estabelecer critérios para orientar a indicação médica desses métodos ionizantes e mecanismos para reduzir os efeitos nocivos da radiação, seja no paciente, seja no profissional também exposto. Comparativamente, o raio-X de tórax e a tomografia de tórax equivalem, respectivamente, a 10 dias e 2 anos da radiação de fundo, aquela relacionada ao ambiente.
Esse cuidado é especialmente válido para gestantes, que gestam fetos em constante crescimento e replicação celular, e adultos, que tiveram câncer na infância com realização de radioterapia. Pois, essa radiação ionizante, ao entrar em contato com nossas células, pode resultar em alterações no DNA (material genético da célula) ou geração de radicais livres (substâncias oxidantes), os quais têm potencial mutagênico e, de forma cumulativa ou em pessoas com predisposição genética, podem estimular a formação de cânceres.
Entretanto, é visto que os exames de rotina para rastreamento, como mamografia e densitometria óssea, são seguros, com baixíssimo risco, portanto devem ser continuamente estimulados e feitos. Ademais, sempre que possível, utilize protetor solar e evite expor-se a excesso de radiação.
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