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  • Foto do escritorCarolina Martins Vieira

O papel do cirurgião ginecológico no tratamento do câncer de colo do útero

Não existe um único tratamento que é ideal para todas as pacientes. O tratamento deve ser individualizado, baseado nas evidências científicas

Para darmos andamento ao Janeiro Verde, convidei a doutora Priscilla Rossi Baleeiro Marco, ginecologista da Oncobio e Hospital Vila da Serra, para falarmos sobre o tratamento cirúrgico do câncer de colo uterino.

O tratamento cirúrgico é reservado para a doença inicial, restrita ao colo uterino. O tipo de cirurgia geralmente mais indicado é a retirada do útero, em uma cirurgia mais radical e extensa da que se faz para doenças benignas (retirada do útero e colo, com os ligamentos do colo do útero e manguito vaginal, podendo ou não preservar os ovários), avaliação dos linfonodos para verificar se há doença disseminada.

A radicalidade da cirurgia pode ser individualizada caso haja desejo da mulher de ter filhos, contrapondo, é claro, ao risco da doença nessa mulher: avaliação histológica (tipo e grau do tumor), tamanho do tumor e garantia de que esteja restrito ao colo do útero.


Com a cirurgia conservadora é possível a retirada apenas do colo uterino (conização ou traquelectomia radical, possibilitando a manutenção do corpo uterino, trompas e ovário.


Deve também fazer a retirada dos linfonodos, preferencialmente pela técnica de pesquisa de linfonodos sentinela (identificação do primeiro linfonodo que drena a região acometida pela doença, que é o primeiro local aonde haveria disseminação da doença), com isso diminuímos as sequelas de uma cirurgia mais radical. Assim que é definida a prole, devemos avaliar a complementação da cirurgia com a retirada do útero.


Apesar dos indiscutíveis benefícios da cirurgia minimamente invasiva (por laparoscopia ou robótica), diferente da cirurgia para outros cânceres ginecológicos, como o de endométrio e ovário, a cirurgia para o câncer do colo do útero deve ser realizada por laparotomia (aberta).


Constatado no estudo LACC, visto como um divisor de águas para os cirurgiões oncológicos, revelou a maior sobrevida livre de doença nas pacientes operadas pela técnica aberta. Desde então vem se discutindo o motivo desses achados de inferioridade nos desfechos oncológicos, bem como o desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas para viabilizar as cirurgias minimamente invasivas para o câncer de colo do útero. Aguardemos novos estudos.


O tratamento cirúrgico também pode ser discutido e individualizado em tratamentos de resgate, ou seja, em pacientes que fizeram tratamento exclusivo com quimio e radioterapia e não houve resposta completa ou em casos selecionados de recidiva local do câncer.


Devemos lembrar que, após o tratamento cirúrgico, não há limitações futuras da função sexual nem contra indicações, exclusivas pelo câncer do colo do útero em se fazer reposição hormonal caso necessário. Não existe um único tratamento que é ideal para todas as pacientes, devemos sempre individualizar o tratamento baseados nas evidências científicas.


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